20/09/2025
Preso em operação da Polícia Federal manda recado: “Não vou cair sozinho. Eu cumpria ordens”
BELO HORIZONTE, MG - O aviso teria sido dado pelo
ex-presidente da Fundação Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais (Feam),
Rodrigo Franco, antes de ser preso ontem pela Polícia Federal na Operação
Rejeito. Ao interlocutor, disse que já desconfiava que chegariam até ele. Afastado
há quatro dias do cargo, reforçou a advertência: “se acontecer algo comigo, vou
entregar a turma”. Ele se disse “pau mandado” e que as “ordens vinham de cima”. A operação revelou um esquema criminoso envolvendo
empresários e servidores de órgãos ambientais em favor da mineração em áreas
protegidas, como a Serra do Curral, em BH. Além de Franco, outros quatro da
Feam e um do Instituto Estadual de Florestas (IEF) foram apontados pela PF como
suspeitos de participação na organização. A operação policial abriu a caixa-preta dos licenciamentos
suspeitos, classificados como ‘comprados’. De acordo com uma fonte, a regra de
liberação era “pagou, licenciou”. As fraudes tomaram conta da Feam depois que ela foi
transformada em órgão político pela reforma administrativa do governo Zema. As
mudanças seguiram modelo do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles
(governo Bolsonaro), para o qual reformas deveriam “abrir a porteira e passar a
boiada”. Com a reforma do governo estadual, a fiscalização foi
desmontada e sucateada, sendo transferida da Secretaria do Meio Ambiente e
Desenvolvimento (Semad) para a Feam, onde não há servidores de carreira. Na
Secretaria, a fiscalização era feita por servidores de carreira, concursados,
que conheciam Minas e que trabalham com a convicção de que serviam ao estado e
não a um governo. Dentro do governo, argumentava-se que a reforma seguiu o
modelo de Santa Catarina, que não é um estado minerador e nem tem barragens
como as de Minas. Defesa contesta A defesa informa que Rodrigo Franco nunca se manifestou
sobre as investigações em curso, menos ainda, assumiu culpa ou fez menções a
outras pessoas. "A própria sugestão da reportagem indica erro de
informação, pois é impossível que qualquer investigado soubesse, antecipadamente,
de uma operação sigilosa que se realizaria no futuro. Lamentavelmente, esse
tipo de informação fornecida à imprensa, por pessoa protegida pelo anonimato,
causa na opinião geral a formação antecipada de juízo culpabilidade, além de
sugerir erroneamente a existência de indisposição entre os investigados",
afirmou o advogado Estevão Melo.
EM, com foto: Guilherme Bergamini/ALMG
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