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12/11/2025
Show é cancelado em Campina Grande por causa de nova lei que permite entrada de bebidas em eventos
CAMPINA GRANDE, PB - Um show que estava marcado para
acontecer neste sábado, 15, na Vila Sítio São João em Campina Grande, foi
adiado. A produção da “Farra dos Poetas” explicou em um comunicado que o motivo
foi a entrada em vigor da lei 14.074 que permite a entrada de consumidores
portando bebidas e alimentos em shows, cinemas, teatros e estádios. A nota
emitida pelos organizadores do evento alega que a medida “impacta diretamente o
setor de eventos”. O músico Paulinho Decente lamentou o adiamento da “Farra dos
Poetas”, que está em turnê. “A receita de bares é complementar para pagar as
despesas que a gente tem. É impossível tirar tudo no preço do ingresso, porque
assim o preço seria absurdo. Esperamos que a lei possa ser repensada. A
princípio não tem como a gente fazer nada no Estado da Paraíba porque isso nos
inviabiliza. Só quem está na organização é que sabe o que acontece”, disse ele.
Quem havia comprado ingressos antecipados, terá o dinheiro devolvido pela
bilheteria virtual ou nos pontos físicos. A lei foi proposta pelo deputado estadual Taciano Diniz e
sancionada ontem pelo governador do Estado, João Azevedo. De acordo com a
norma, os estabelecimentos comerciais ficam proibidos de impedir a entrada de
consumidores com alimentos e bebidas comprados em outros locais, independente
da venda de similares no estabelecimento. A regra vale para cinemas, teatros,
estádios esportivos, parques de diversões, arenas esportivas e arenas de shows
artísticos. A justificativa é que haveria “venda casada” se as bebidas e
alimentos só pudessem ser comprados dentro dos eventos. O produtor Wagner Nascimento, responsável pelo projeto Seis
e Meia na Paraíba e pela festa Amnésia, também se manifestou nas redes sociais
contra a nova lei. “Criar leis que enfraquecem o entretenimento não é política
cultural. Queridos gestores públicos, se a intenção é garantir eleitorado, há
formas inteligentes de fazer isso sem enfraquecer o entretenimento da Paraíba”. As queixas do setor de shows e entretenimento têm como
principal argumento o fato de que a comercialização de bebidas e alimentos é
parte importantíssima da renda que viabiliza os eventos. Com a permissão de
produtos externos, o faturamento cairia, podendo gerar demissões, fechamento de
unidades e encarecimento dos ingressos. Outro ponto citado pelos produtores e eventos é que permitir
entrada de produtos de fora dificulta o controle de embalagens, recipientes de
vidro, objetos cortantes ou substâncias ilícitas. Isso pode aumentar riscos de
segurança, sobretudo em shows e estádios, onde o público é grande e o ambiente
é menos controlado. Do ponto de vista jurídico, as empresas argumentam que devem
ter liberdade para definir regras internas, inclusive sobre o consumo dentro de
seus estabelecimentos. Obrigar a entrada de produtos externos seria intervenção
excessiva do Estado nas relações privadas e na livre iniciativa.
ParlamentoPB, com foto: Arquivo/Codecom-PMCG
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