BAURU, SP - O programa Fantástico, da TV Globo, exibiu neste domingo (05) uma reportagem na qual detalha como funcionava o esquema de desvio de dinheiro na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE de Bauru-SP. Segundo as investigações às quais o programa teve acesso, o esquema era mantido pelo presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho; e pela diretora executiva dele, Cláudia Lobo. 

Segundo Gláucio Stocco, delegado da Polícia Civil, o esquema desviou mais de R$ 7 milhões, de três maneiras principais: o desvio direto, através da retirada de valores das contas da APAE diretamente para as contas de Cláudia e Roberto; o cabide de emprego; e o superfaturamento de notas fiscais. 

A polícia resgatou conversas entre Cláudia e Roberto nas quais eles combinam – e até comemoram – os desvios de dinheiro. A maioria das conversas foi resgatada pelas investigações em mensagens gravadas nos aparelhos da própria instituição. 

No caso das notas fiscais, a investigação descobriu que muitas foram emitidas para a compra, por exemplo, de produtos de limpeza, que nunca chegavam à instituição. Porém, quando as investigações começaram, alguns produtos que deveriam ter sido entregues há anos, começaram a chegar. 

“Funcionários Fantasmas”

O Fantástico ouviu um fisioterapeuta da instituição que começou a desconfiar dos desvios quando os salários começaram a atrasar e faltava dinheiro para a manutenção do dia a dia da entidade. Leandro Martins recebia salário abaixo do piso e pediu uma correção no valor, pedido que foi negado. 

Ele diz que o seu salário era baixo, mas existiam pessoas ligadas à diretora trabalhando na instituição. “Ali me acendeu um alerta”, disse o fisioterapeuta. A investigação identificou que algumas das pessoas ligadas à diretora eram contratadas pela APAE, mas nem iam à instituição. Essas pessoas, segundo a polícia, foram presas e estão em “prisão preventiva”. 

“Eles já esclareceram que não têm nenhuma participação, que não tinham conhecimento algum de eventuais desvios da entidade. E, no nosso entendimento, não há requisitos para que eles continuem presos”, afirma o advogado de defesa dos supostos funcionários. 

Morte da diretora 

A reportagem também mostrou que a diretora executiva do presidente, Cláudia Lobo, foi assassinada e o corpo nunca foi localizado. Cláudia foi vista pela última vez no dia 6 de agosto de 2024, entrando com um envelope em um carro onde se encontrou com o presidente Roberto Franceschetti Filho. 

Os dois saíram, trocaram de lugar e voltaram para o carro. Moradores do bairro teriam ouvido um tiro. Para a polícia, Cláudia foi assassinada por Roberto. “Tem a mancha de sangue no banco de trás, e depois a perícia comprova que se trata de sangue da Cláudia. E é encontrada também uma cápsula, um cartucho deflagrado... E a prova pericial demonstra que aquele cartucho foi disparado pela arma do Roberto”, disse o delegado Gláucio Stocco, da Polícia Civil. 

Da Redação, com informações do Fantástico e foto: Reprodução/Redes Sociais