30/08/2025
Ataque hacker contra operadora do Pix rouba R$ 420 milhões; BC evitou desvio de R$ 350 milhões
BRASÍLIA, DF - Instituições financeiras foram alvo de um
ataque hacker que desviou cerca de R$ 420 milhões por meio de transações via
Pix na tarde da sexta-feira (29/8). A invasão explorou vulnerabilidade nos
servidores da Sinqia, companhia brasileira responsável por conectar bancos ao
sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central (BC). A informação foi
inicialmente divulgada pelo portal Neofeed. De acordo com fontes ouvidas pela TV Globo, o golpe atingiu
o HSBC, com prejuízo estimado em R$ 380 milhões, e a Artta, que registrou
desvio de R$ 40 milhões. Assim que detectou movimentações suspeitas, o Banco
Central cortou a comunicação da Sinqia com a rede do Sistema Financeiro
Nacional, impedindo que a empresa fosse utilizada como porta de entrada para
outros bancos e bloqueou R$ 350 milhões, reduzindo o impacto da fraude. Apesar da dimensão do ataque, a infraestrutura central do
Pix não foi afetada e segue operando normalmente. Em nota, a Sinqia informou
que o incidente ficou restrito ao ambiente Pix, sem indícios de comprometimento
de dados pessoais ou de outros sistemas da companhia. A empresa afirmou ainda
que está reconstruindo suas plataformas em um novo ambiente com monitoramento
reforçado e medidas adicionais de segurança. A Artta, uma das instituições envolvidas, destacou que o episódio
não atingiu o ambiente da empresa nem as contas de clientes. "As contas
envolvidas são mantidas junto ao Banco Central e utilizadas exclusivamente para
liquidação interbancária", afirmou em comunicado. A instituição disse
ainda que suspendeu transações de saída no mesmo dia, como medida preventiva. O caso ocorre semanas após outro ataque de grandes
proporções. Em julho, hackers desviaram quase R$ 1 bilhão explorando falhas da
C&M Software, também fornecedora da tecnologia usada por bancos. Até o momento,
não há indícios de relação entre os dois episódios. Na véspera do ataque, o BC havia anunciado alterações no Pix
para reforçar o mecanismo de devolução de recursos em casos de fraudes, golpes
e transferências realizadas sob coerção. A medida, que passa a ser obrigatória
em fevereiro, permitirá o caminho do dinheiro para ampliar as chances de
recuperação. "A segurança é um dos pilares fundamentais do Pix e seu
aprimoramento é um processo contínuo. O BC atua de forma permanente para
garantir a manutenção do elevado patamar de segurança do Pix", declarou a
instituição em nota. O Correio tentou contato com a Polícia Federal, que
investiga o caso, mas até a última atualização desta reportagem não houve
resposta. Confira a íntegra do comunicado emitido pela Sinqia No dia 29 de agosto, a Sinqia detectou atividade suspeita
no ambiente Pix. Nossa equipe agiu rapidamente e iniciou uma investigação para
determinar a causa do incidente. Estamos trabalhando com o apoio dos melhores
especialistas forenses nisto. Já estamos em contato com clientes afetados, que
compreendem um número limitado de instituições financeiras. Neste momento, verificamos que o incidente se limita
apenas ao ambiente Pix. Não há evidências de atividade suspeita em nenhum outro
sistema da Sinqia além do Pix e esse problema afeta apenas a Sinqia no Brasil.
Além disso, neste momento, não temos indicação de que quaisquer dados pessoais
tenham sido comprometidos. Enquanto nossa investigação ainda está em andamento,
colocamos em prática um plano detalhado para alcançar uma restauração completa.
Primeiro, isolamos o ambiente Pix de todos os outros sistemas da Sinqia e o
desconectamos proativamente do Banco Central, enquanto conduzimos nossa
análise. Em segundo lugar, por precaução, estamos trabalhando
ativamente para reconstruir os sistemas afetados em um novo ambiente com
monitoramento e controles aprimorados. Também estamos trabalhando com
especialistas externos adicionais para nos ajudar a acelerar esse processo e
complementar os recursos de nossa própria equipe. Depois que o ambiente for
reconstruído e estivermos confiantes de que está pronto para ser colocado de
volta em funcionamento, o Banco Central irá revisá-lo e aprová-lo antes de
colocá-lo novamente online. Assim que tivermos uma previsão clara sobre quando o novo
sistema estará online, forneceremos mais atualizações aos nossos clientes. A
segurança das transações realizadas em nossos sistemas é nossa primeira
prioridade. Agradecemos o apoio de nossos clientes e pedimos
desculpas pelo inconveniente. Estamos tratando essa situação com a maior
seriedade e continuamos comprometidos com a transparência e em manter nossas
partes interessadas informadas à medida que novas informações se tornem
disponíveis. Confira a íntegra do comunicado emitido pela Artta No dia 29/08, a Sinqia S.A., empresa homologada e
autorizada pelo Banco Central para operar o SPB e o Pix, registrou um incidente
em sua infraestrutura tecnológica que afetou diversas instituições financeiras,
entre elas a Artta Sociedade de Crédito Direto S.A. e bancos como o HSBC. IMPORTANTE DESTACAR! Não houve ataque ao ambiente da Artta nem às contas de
nossos clientes. As contas envolvidas são mantidas junto ao Banco Central e
utilizadas exclusivamente para liquidação interbancária. Como medida preventiva, interrompemos as transações de
saída no mesmo dia, priorizando a segurança e a proteção integral dos recursos
de nossos clientes. Estamos em contato direto com o Banco Central e a Sinqia
e atuando para que a normalização das operações aconteça com a máxima agilidade
e total segurança. Reafirmamos nosso compromisso com a integridade do
sistema financeiro, a proteção dos clientes e a transparência em nossas
comunicações. Em caso de dúvidas, nossa equipe está disponível pelo
e-mail: suporte@artta.com.br.
Correio Braziliense, com foto: Bruno Peres/Agência Brasil
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