15/09/2025

Presidente do PL admite “planejamento de golpe”, mas recua e diz que errou: “falei e nem percebi”



BRASÍLIA, DF - Após admitir, no sábado (13/9), que houve um “planejamento de golpe” de Estado, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, recuou nesta segunda-feira (15) diante de críticas de bolsonaristas, incluindo parlamentares e aliados próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro. 

“Eu estou aqui me justificando, dizendo que eu cometi um erro. Em vez de falar movimento, eu falei planejamento. Foi um erro meu e porque eu estava à vontade, num lugar, estava totalmente à vontade, falei e nem percebi que eu falei. Só depois na gravação que eu vi que eu falei”, afirmou Valdemar em entrevista à BandNews TV. 

A fala polêmica do dirigente partidário se deu em Itu (SP), no evento Rocas Festival, voltado a entusiastas de cavalos de luxo. Em uma gravação publicada nas redes sociais, Valdemar Costa Neto comentou a condenação de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que houve planejamento de golpe, mas argumentou que isso não seria crime. 

“Houve um planejamento de golpe, mas nunca teve o golpe efetivamente. No Brasil, a lei diz: se você planejar um assassinato, planejou tudo, mas fez nada, não tentou, não é crime. O golpe não foi crime”, disse Valdemar, ao lado do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que integra o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). 

“O grande problema nosso é que teve aquela bagunça no 8 de Janeiro e o Supremo diz que aquilo foi golpe. Olha só que absurdo: camarada com pedaço de pau, um bando de pé de chinelo quebrando lá na frente. Eles falam que aquilo é golpe”, protestou, na ocasião. 

Nesta segunda, Valdemar também se esforçou para deixar claro que suas falas não se deram para “enterrar” uma eventual — porém improvável — candidatura do ex-presidente Jair Bolsonaro em 2026. O presidente do PL disse ao Correio em 6 de setembro, antes da condenação, que Bolsonaro continua sendo o Plano A para o próximo ano. 

“Foi um erro meu e todo esse pessoal que gosta do Bolsonaro sabe que eu serei fiel a ele até o fim, enquanto eu tiver vivo, eu vou ser fiel ao Bolsonaro e confio no Bolsonaro, que fez um excelente governo”, argumentou. 

Críticas 

Valdemar recebeu críticas de diversos setores do bolsonarismo depois do ato falho no sábado. Um dos que vieram a público criticá-lo foi o ex-assessor de Bolsonaro Fabio Wajngarten, demitido do PL em maio. 

Em um post irônico em seu perfil do X, criticou o que chamou de “jênio” do assessoramento, sem citar nomes, e disse que “quando não se tem o que falar, é óbvio que é melhor não falar”. 

“Abrir a boca sem mínima preparação vai errar sempre”, disparou Wajngarten, que disse que a repercussão de falas na imprensa é a mesma que a de um evento de cavalos. 

“Aprendi com meus professores de imprensa nos últimos anos que a crise passa, o silêncio não significa abandono nem descaso, nem indiferença”, pontuou. 

Correio Braziliense, com foto: Beto Barata/PL

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