17/09/2025
Filho é indiciado por matar a mãe durante surto devido a empréstimos e dívidas com apostas on-line
VESPASIANO, MG - Matteos França, de 32 anos, foi indiciado
pela morte da mãe, a professora Soraya Tatiana Bonfim França, de 56 anos, nesta
terça-feira (16/9). Além do feminicídio, com causa de aumento de pena, o filho
vai responder também pelos crimes de ocultação de cadáver e fraude processual. A delegada Ana Paula Rodrigues de Oliveira, do Departamento
de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), disse que Matteos premeditou o crime. “Aparentemente, parecia ser um crime cometido no calor do
momento, mas, à medida que as investigações foram avançando, vimos que ele
apresentava um comportamento dissimulado, inclusive no dia anterior e no dia
dos fatos. Não houve uma discussão prévia entre eles, por meio tecnológico,
muito pelo contrário. As mensagens que eles trocaram aqueles dias foram
amorosas, de mãe e filho. Não havia nenhum indício prévio de briga.” As investigações também mostraram que o filho poderia ter
deixado o corpo da mãe em qualquer outro lugar, mas escolheu um específico,
segundo a delegada. Ela ressaltou ainda que Matteos saiu com o veículo usado
para transportá-la no dia anterior e deixou o carro posicionado em uma área
privativa do estacionamento, de marcha à ré, de modo a facilitar a entrada do
corpo no porta-malas. A polícia conseguiu localizar material genético da
professora no local, por meio de fios de cabelo e sangue. A delegada informou ainda que as lesões encontradas no corpo
da professora foram todas produzidas após a morte e descartou definitivamente a
possibilidade de violência sexual. “Foram provocadas, muito provavelmente, em
decorrência do local onde o corpo ficou, por três dias.” Motivação Em depoimento no dia da prisão, Matteos alegou estar em
colapso financeiro por empréstimos e dívidas com apostas on-line e que cometeu
o crime em um suposto momento de surto. A delegada disse que as investigações
confirmaram a motivação do crime. O filho da professora tinha uma dívida de aproximadamente R$
200 mil. Grande parte dessa dívida era decorrente de apostas, mas também de
empréstimos que Matteos contraiu com instituições financeiras. “Investigações e
testemunhas apontam que ele achava que a mãe teria obrigação de dar a ele uma
vida mais confortável, melhor e que, como mãe dele, teria que arcar com essas
despesas”, afirmou a delegada. Soraya Tatiana tinha um seguro de vida e uma previdência
privada. O filho não declarou, nos depoimentos, que vislumbrava essas quantias
ao cometer o crime, mas a delegada não descarta a possibilidade. Por causa
dessa situação, a professora começou a apresentar quadro depressivo e
confidenciou a amigos que o filho a estaria tratando de forma mais grosseira. Poucos minutos antes de morrer, ela fez uma ligação para uma
instituição financeira, com duração de cerca de 45 minutos, provavelmente para
tentar renegociar as dívidas. Em seguida, eles iniciaram uma discussão rápida.
“Ele já partiu para a execução da morte com um golpe de mata-leão. Cerca de uma
hora depois, retirou o corpo da residência.” Relembre o caso Em 19 de julho, o corpo de Soraya Tatiana Bonfim França, de
56 anos, foi encontrado seminu, apenas com a parte de cima da roupa, e coberto
com um lençol, embaixo de um viaduto em Vespasiano, na Grande BH. Antes da
localização do corpo, Matteos havia relatado à polícia, amigos e parentes o
suposto desaparecimento da mãe, que teria ocorrido entre a sexta-feira (17/7) e
o sábado (18/7). Soraya morava no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, e
lecionava história no Colégio Santa Marcelina, na mesma regional de Belo
Horizonte. Segundo esses relatos, o filho teria visto a mãe pela última
vez na sexta-feira, às 20h20, antes de seguir para uma viagem programada à
Serra do Cipó. Ainda conforme a história contada por Matteos antes de o crime
ser descoberto, ele teria ligado para a mãe na manhã seguinte, e como ela não
atendeu, entrou em contato com uma tia para que tentasse falar com Soraya.
Familiares foram acionados para checar o apartamento. Um chaveiro foi chamado
para abrir a porta. Constatado o “sumiço” da mãe, no mesmo dia, Matteos
registrou boletim de ocorrência informando o “desaparecimento”. Ele afirmou
ainda ter verificado, sem sucesso, as imagens de câmeras de segurança do prédio
onde morava com a mãe, no bairro Santa Amélia, na região da Pampulha, em Belo
Horizonte, em busca de pistas sobre a saída dela. No domingo, a polícia recebeu uma denúncia anônima que levou
à localização do corpo da professora próximo a um viaduto em Vespasiano. O
corpo apresentava marcas semelhantes a queimaduras na parte interna das coxas e
manchas de sangue nas partes íntimas. No local, também foram encontrados os
óculos da vítima. Laudos preliminares descartaram violência sexual contra
Soraya. De acordo com a Polícia Civil, Matteos agiu sozinho. Após o
crime, ele colocou o corpo no porta-malas do carro da vítima e o abandonou nas
proximidades do viaduto. Dois dias após a prisão, passou por audiência de
custódia, e a juíza Juliana Beretta Kirche decretou sua prisão preventiva.
Enviado inicialmente para o Ceresp Gameleira, Matteos foi transferido duas
vezes: para o Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves,
e, em 30 de julho, para unidade de Caeté, na região metropolitana de Belo
Horizonte.
EM, com foto: Reprodução/Redes Sociais
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