29/10/2025

Pai preso por fingir câncer do filho de 12 anos para pedir doações em igrejas é liberado pela justiça



PATOS DE MINAS, MG - A Justiça concedeu, na noite dessa terça-feira (28/10), liberdade provisória ao homem que simulava uma doença grave do próprio filho, de 12 anos, para conseguir doações de fiéis em igrejas de Patos de Minas (MG), no Alto Paranaíba. Um outro filho dele, de 22 anos, também foi liberado. 

Conforme a Polícia Militar, o homem, de 50 anos, comparecia a templos religiosos com a criança. Ele dizia que o menino estava com um tumor cerebral e precisaria de uma ajuda financeira para conseguir pagar uma cirurgia de R$ 100 mil em um hospital de São Paulo. O filho mais velho acompanhava o pai nestes atos. 

Relatos de vítimas dão conta de que os autores usavam o microfone das igrejas e distribuíam panfletos com dados de PIX para arrecadar valores, afirmando que já haviam conseguido R$ 68 mil e precisavam completar a quantia necessária para a operação. 

Os pedidos de doações também eram feitos pelas redes sociais. Aos militares, pelo menos três vítimas relataram que acreditavam que o caso fosse verdadeiro porque o homem pedia dinheiro em centros religiosos. 

Conforme decisão assinada pela juíza de Direito Bárbara Colen Diniz, da Vara Criminal da Comarca de Pirapora, não há provas na materialidade das condutas e fortes indícios de autoria. Também foi considerado que o homem é o responsável pelo cuidado dos filhos menores, que temem retornar para a genitora. Como ele foi liberado, não houve a necessidade de agendamento de audiência de custódia. 

"Tal circunstância reforça a necessidade de acompanhamento e intervenção pelos órgãos de proteção à infância e juventude, especialmente o Conselho Tutelar e a rede de assistência social, a fim de garantir o bem-estar da criança/adolescente, mas não se presta, por si só, a justificar a manutenção da prisão em flagrante, que deve ser analisada sob a ótica da legalidade e da necessidade processual, e não como medida de proteção familiar", afirma trecho da decisão. 

Conforme o documento, foi decidido que o homem deve manter o endereço atualizado; comparecer mensalmente ao Juízo de residência para informar e justificar atividades em um período de 12 meses e comparecer em Juízo todas as vezes que for intimado. Caso ele não cumpra, poderá ter a prisão decretada. 

Não foi a primeira vez que o homem foi indiciado por um crime dessa natureza. Isto porque ele responde a um processo por estelionato no estado do Maranhão, Região Nordeste, onde teria usado outro filho, atualmente com 17 anos, para supostamente cometer crimes semelhantes. 

A prisão 

Os militares colheram informações e identificaram o carro usado pela dupla, um Volkswagen SpaceFox. Pai e filho foram detidos na noite de segunda-feira (27) na BR-365, na altura do município de Buritizeiro MG), Região Norte, a aproximadamente 248 quilômetros de onde começaram a ser procurados. 

Conforme os registros policiais, o carro estava ocupado pelos dois adultos e por duas crianças – o menino de 12 anos usado na fraude e outro filho de 9 anos de idade. No porta-malas, estavam uma cadeira de rodas e panfletos com QR codes e fotos da criança com máscara hospitalar e supostamente acamada. 

No carro ainda foram achados diversos laudos e atestados médicos aparentemente falsos, com erros de grafia, incoerências e registros profissionais inexistentes, e R$ 5.975 em espécie. 

Durante a abordagem, o homem tentou manter a farsa e disse que, devido ao tumor cerebral, o filho não andava. Porém, conforme registrado no documento, enquanto dizia isso, o menino estava em pé, andava normalmente e só se sentou quando o pai pediu. 

Questionado, o menino se contradisse várias vezes sobre qual doença tinha e, por fim, admitiu que seguia as instruções do pai e fingia a doença. “Recebi orientação do meu pai para que falasse nas paróquias que eu estava com problemas de coluna, com o intuito de ganhar dinheiro nas paróquias da igreja. Na verdade, eu não tenho problemas de coluna; apenas tenho tonturas às vezes", afirmou o menino aos policiais, conforme documento de auto de prisão em flagrante delito. 

O pai foi novamente questionado sobre as provas e admitiu que simulava a doença para arrecadar dinheiro, com o apoio do filho mais velho, que cedia a conta bancária para o envio das quantias de doações. Segundo ele, havia tirado as crianças da escola há cerca de 10 dias e viajava por diversas cidades praticando o golpe. 

Pai e filho foram presos em flagrante pelos crimes de estelionato, corrupção de menores e uso de documento falso. O dinheiro, os documentos falsificados, a cadeira de rodas e o veículo utilizado na prática criminosa foram apreendidos. 

EM, com foto: Reprpdução/Patos Hoje

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