|
24/11/2025
Cícero entrega títulos de propriedade a 80 famílias do residencial quilombola, em João Pessoa
JOÃO PESSOA, PB - O Dia Mundial da Consciência Negra,
celebrado nesta quinta-feira (20), ganhou um significado ainda mais especial
para a comunidade quilombola de Paratibe, em João Pessoa. A data, marcada pela
valorização da história, da cultura negra e pela luta por igualdade racial, foi
reforçada por uma conquista concreta: a entrega dos títulos dos imóveis do
Residencial Hélio Miguel da Silva, realizada pelo prefeito Cícero Lucena. O residencial, que abriga 80 famílias, é o primeiro
empreendimento quilombola do Brasil e já recebeu premiação nacional pela sua
inovação social e impacto positivo na vida da comunidade. Antes vivendo em
condições precárias, em um assentamento, as famílias agora dispõem de uma
moradia digna, planejada e com infraestrutura completa, garantindo acesso a
serviços essenciais e qualidade de vida. Durante a cerimônia, marcada por uma vasta programação
cultural e ações de cidadania na Associação Beneficente das Comunidades
Remanescentes de Quilombo dos Palmares (ABCRQ-JP), o prefeito destacou a
relevância da data e reafirmou o compromisso da gestão municipal com políticas
públicas que promovam reparação histórica e inclusão. “Cremos firmemente que
estamos contribuindo para conscientizar o Brasil sobre a importância de
valorizar as pessoas. É fundamental compreender que o maior valor reside nas
pessoas. É essa convicção que guia minhas ações na vida pública, pois entendo
que minha missão, nos cargos que me são confiados, muitas vezes por meio do
apoio de vocês, é servir, fazer o bem e melhorar a vida das pessoas”, afirmou o
prefeito. 
Dignidade às famílias quilombolas O Residencial Hélio Miguel da Silva simboliza um novo
capítulo para a comunidade quilombola de Paratibe, que agora vive com
segurança, estrutura adequada e reconhecimento social. “A escolha da data
coincide com o Dia da Consciência Negra, tornando o evento ainda mais
significativo por conta dos imóveis. Adicionalmente, foi desenvolvido um
trabalho social com os quilombolas, englobando atividades como gastronomia,
cerâmica e pintura. A rica cultura local já reconhecida com prêmio em
Brasília”, destacou a secretária Municipal de Habitação Social, Socorro
Gadelha, que foi homenageada na solenidade juntamente com o prefeito Cícero
Lucena e o vereador Marcus Vinícius, com o reconhecimento na promoção da
igualdade racial. Ângela Lucia da Silva falou em nome da comunidade. Ao
receber o título de propriedade, a dona de casa se emocionou e disse que a casa
própria é o maior reconhecimento de respeito e dignidade que a família dela já
teve na vida. “Só Deus sabe o que isso representa. É um sonho que se realiza,
uma conquista. A gente acreditou que a Prefeitura iria construir as nossas
casas e hoje podemos dizer que é nosso”, afirmou, após receber a escritura das
mãos do prefeito Cícero Lucena. 
Trabalho social Neste Dia da Consciência Negra, a comunidade também celebra
o trabalho social pós-ocupacional desenvolvido pela Secretaria de Habitação. A
iniciativa foca no desenvolvimento das características e dos talentos dentro da
comunidade nas áreas de música, pintura, dança, cerâmica, gastronomia e várias
outras atividades de valorização da cultura negra dos quilombolas,
desenvolvidas na Associação Beneficente das Comunidades Remanescentes de
Quilombo dos Palmares (ABCRQ-JP). Simone Teixeira, coordenadora de Projetos e Eventos da ABCRQ-JP,
falou sobre o projeto. “A gente trabalha muito com o resgate, ofertando para
eles a oportunidades como oficinas e capacitações em música, pintura, dança
tirando eles do risco da criminalidade, oferecendo diversas atividades com
professores qualificados. A gente oferece tudo isso para eles, que vão
aprendendo e crescendo juntos”, destacou. Josivaldo Cavalcante, conhecido na comunidade como Maestro
Val, está no projeto há cerca de um ano, fazendo aulas semanais. Segundo ele, a
formação da banda resultou de uma série de oficinas de instrumentos de metais e
percussão, como trompetes, trombones, tuba, bombardino e percussão – tambor,
zabumba, atabaques, triângulos baterias. “Nós temos aproximadamente 50 componentes na banda, formada
por crianças e adolescentes. Costumo dizer que a música salva vidas e quem sabe
esses meninos despertem como musicistas e sigam na música como uma profissão.
Eu mesmo comecei assim também com projeto de educação e inclusão. Aqui na
comunidade quem quiser aprender pode vir”, fez o convite. O estudante João Henrique, de 12 anos, começou a tocar há
cerca de três anos e escolheu os instrumentos por gostar dos sons. “Eu toco
trombone e flauta. Gosto muito e fui atraído pelos sons. Fui um dos primeiros a
começar nas aulas de oficina”, revelou. Hoje ele ganhou uma flauta do maestro
pelo aniversário de 12 anos. César Gabriel é outro aluno e toca tuba e flauta. “Eu já
sabia tocar, mas participar da banda me fez evoluiu bastante. A música preenche
minha vida com muitas coisas boas. Penso em ter um futuro com a música”, contou
o menino tímido, comportamento que a música vem ajudando também a mudar. O artista plástico Jorge Charles faz um trabalho voluntário
de oficina de artes na comunidade quilombola, com adolescentes a partir de 12
anos. “Trabalhamos com composição e tipos de materiais e a maneira de usá-los.
Trabalhamos com o que temos e pintamos com espátula, bucha ou usamos os dedos”,
explicou. E como improvisar faz parte da oficina de arte, o estudante
Miguel Soares, de 15 anos, que tem deficiência física, pinta segurando o pincel
com os pés. “Eu já gostava de desenhar, mas pintar com o pincel foi
maravilhoso”, disse. 
Uma manhã de programação O Dia da Consciência Negra na comunidade em Paratibe contou
com exposição de trabalhos das oficinas de pintura e de cerâmica, pintura
facial e corporal, dança, capoeira, apresentação da orquestra formada por
crianças e jovens da comunidade, feira de artesanato, maquetes, além de pintura
de unhas, massagens com ventosas, corte de cabelo, limpeza de pele, pula-pula,
projeto Brasil Sorridente e aplicação de vacinas.
Max Oliveira/Ângela Costa/Cristina Cavalcante, com fotos: Sérgio Lucena e Quel Valentim/Secom-JP
|